Estudar Italiano na Itália: Algumas Sugestões

Estudar fora do país é o sonho de todo estudante de línguas, não é mesmo? Visto que muitos de vocês me pediram para dar sugestões sobre como estudar na Itália, decidi elaborar esse post, espero que seja útil. Assim que me formei em letras (português -italiano, UFRJ), em 2000, participei de um concurso junto ao Istituto Italiano di Cultura, no Rio de Janeiro, patrocinado pelo governo italiano.

Estudar na Itália

(Créditos: Way Intercâmbio Cultural)

Confesso que não me lembro se tive que fazer alguma prova ou se exigiram somente o CR (coeficiente de rendimento), embora tenha uma vaga lembrança de ter feito algum tipo de avaliação. De qualquer forma, se alguns de vocês já têm um bom nível de italiano (B2 – de acordo com o Quadro comum europeu de referência para as línguas) podem se candidatar diretamente no Istituto Italiano di Cultura, no site da Farnesina (Ministero degli affari Esteri e della Cooperazione Internazionale) ou no do Ministero dell’Istruzione dell’Università e della Ricerca. A bolsa compreendia a estadia – fiquei em uma casa daquelas antigas, mas bem conservada, de frente para uma montanha maravilhosa, junto com mais outras 5 moças de nacionalidades diferentes -, café da manhã, almoço e janta (exceto nos fins de semana), o curso de língua e cultura italiana de um mês e uma quantia de 600 mil liras que serviu para pagar a casa onde ficamos hospedadas (o Euro ainda não existia). Naturalmente, tive que comprar a passagem aérea de ida e volta, além de levar cerca de € 500 (moeda atual) para cobrir os meus gastos pessoais. Considerando que todos éramos estrangeiros, tínhamos que falar somente em italiano! Com toda sinceridade, quando tomávamos uns cálices de Prosecco, nas nossas saídas para aproveitar a night, falávamos com uma fluência fora do comum.

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(Gargnano, Palazzo Feltrinelli – Créditos: CALCIF)

A universidade que nos acolheu foi a Università degli Studi di Milano, exatamente o CALCIF (Centro d’Ateneo per la promozione della lingua e della cultura Italiana), cuja sede se localiza às margens do Lago de Garda (ver foto acima), um lugar simplesmente encantador e mágico. Até hoje cultivo algumas amizades que fiz naquele período.

As aulas davam-se de segunda a sexta, das 9h-17h, com pausa de duas horas para o almoço. Nos fins de semana, organizávamos passeios para conhecer as cidades do norte da Itália. O primeiro fim de semana, eu e mais 6 estudantes fomos a Veneza, outros grupos preferiram ir a Pádua (Padova). Foi um passeio maravilhoso em uma Veneza que, apesar de estarmos em pleno mês de agosto, no verão, oferecia uma paz insólita, tanto que conseguimos passear por suas ruas, sem o estresse que vivi em abril desse ano, que mal tínhamos onde colocar os pés! Sem falar dos empurrões, das pisadas e dos milhões de camelôs e pessoas vendendo de tudo, desde a haste para fazer selfies até os objetos de vidro de Murano fabricados na China…em poucas palavras, uma loucura!

Estudar na Itália

(Ilha de Murano – Créditos: Tripadivaisor)

Do segundo fim de semana, no sábado, a própria universidade organizou um passeio com todas as classes para assistir à ópera Nabuco, na arena de Verona, que é a cidade onde foi ambientada a tragédia de William Shakespeare, Romeu e Julieta.

Estudar na Itália

(Balcão e estátua de Julieta, Verona – Créditos: Wikipédia)

No fim de semana seguinte, o terceiro, fomos jantar  (sempre no sábado e sempre organizado pela universidade) em uma cidadezinha medieval. O restaurante, cujo nome não me lembro mais, oferecia pratos locais, incluindo doces e vinhos. Normalmente, depois das aulas, ao final do dia, íamos a pé à cidadezinha mais próxima à Gargnano del Garda para tomar banho de lago e pegar sol. Ficávamos até o sol se por atrás de uma montanha majestosa que até hoje tenho impressa no olhar e na memória.

Uma outra possibilidade é o programa Au Pair in Italia, que talvez já tenham ouvido falar. Pesquisando na rede, achei o site AurPairWorld, no qual é possível obter informações em italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e holandês. Na realidade, este termo indica o trabalho prestado junto a uma família, especialmente em um país estrangeiro, em troca de estadia e alimentação, além de cuidados médicos, em caso de doença. A atividade principal de uma ragazza alla pari (au pair) é tomar conta de crianças na casa da família que a hospedará, além de ajudar em pequenos afazeres domésticos. Não achei uma indicação oficial sobre o salário (paghetta), mas parece que gira em torno de 250,00/300,00 € por mês. Vocês já devem estar dizendo que não é muito, e não é mesmo! Por isso, é melhor começarem a economizar, colocar um dinheiro no cofrinho para poderem passar, pelo menos, um ano no Bel Paese. Em relação às horas e aos dias de trabalho, será necessário conversar com a família que os hospedará, mas é sempre muito flexível.

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(Créditos: Heavenly aupairs)

Contudo, se vocês fizerem uma pesquisa no Google escrevendo simplesmente “imparare l’italiano in italia” terão cerca de 14 mil resultados. Naturalmente, existem inúmeras escolas de língua onde é possível seguir um curso intensivo ou semi-intensivo, algumas incluem, no valor do curso, também a estadia. Logo, é necessário informar-se bem, antes de decidir para onde ir na Itália. De qualquer forma, nas minhas pesquisas, achei o site My Italian Language School, bem interessante, em que é disponibilizado um mapa da Itália dividido por regiões, em cima das quais vocês podem clicar para saber quais são os cursos disponíveis e em que cidades.

Por enquanto é tudo, pessoal, espero que as informações presentes neste post tenham ajudado em algum modo. Não desistam do sonho de estudar na Itália, mas lembrem-se de começar a economizar, pois o cambio entre Euro e Real, nos dias atuais, é desanimador.

Arrivederci e buono studio!

Cláudia

Cláudia Lopes

Claudia Lopes é formada em letras pela UFRJ (português - italiano). Morou 8 anos na Itália, lecionou português na Università degli Studi di Bari; fala inglês fluentemente e estuda alemão. Mantém atualmente o site Affresco Italiano.

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